Deputada Mical Damasceno não entende o reconhecimento do gênero neutro e afirma que não pode atender uma minoria

Os maranhenses se surpreenderam nos últimos dias, após a publicação da deputada estadual, Mical Damasceno (PTB), que protocolou um Projeto de Lei, estabelecendo medidas protetivas ao direito dos estudantes do Maranhão ao aprendizado da língua portuguesa, de acordo com a norma culta oficial e orientação legais de ensino, conforme publicado no site da Assembleia Legislativa do Maranhão. Tá aí, tudo bem.

O único detalhe é que a deputada se refere aos brasileiros não-binários que lutam pelo reconhecimento do gênero neutro e pela inclusão social. Cientistas, professores e críticos, não apenas do Brasil, mas de diversos lugares do mundo, comentam sobre a importância dessa inclusão e chegaram à conclusão que o uso do termo não está incorreto, mesmo não estando presentes na gramática normativa (essa que usamos em sala de aula).

De acordo com a professora da Universidade Federal da Bahia, linguista especialista em História das Ideias Linguísticas e Análise de Discurso, Isadora Machado, a língua está em processo de mudança 24h por dia, por isso, transformações sempre são bem-vindas.

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Já o pesquisador de psicologia política na Universidade da Califórnia, Efrén Pérez, publicou um estudo na revista Nacional de Ciências dos Estados Unidos revelando que linguagens mais inclusivas fazem com que opiniões de massa sejam mais igualitárias em relação a gêneros e LGBTs. “Você não percebe diferentes realidades, mas coloca mais ou menos ênfase em diferentes aspectos”, diz. Novos termos que abracem outras possibilidades de gênero, como o “hen” sueco ou os “todes” e “todx” em português, funcionam no sentido oposto da censura: em vez de apagar ideias da cultura, simplesmente contribuem trazendo mais opções e alternativas.

Na publicação da deputada, ela afirma:
“Chega a ser absurdo vermos essa tentativa de mudar a forma da linguagem brasileira, em razão de querer agradar uma minoria. Não existe “TODES” ou quaisquer outras palavras de linguagem neutra ou dialeto não binário, a norma culta do português precisa ser respeitada, assim como todo brasileiro, acadêmico e instituições que trabalham duro com linguagem e cuidam do aprendizado nacional”.

É válido ressaltar que, a partir da década de 80, os estudos de gêneros passaram a abordar uma vertente que não incluía somente masculino ou feminino. Desde então, conforme dizem os especialistas, surgiu o termo não-binários – também denominado por estudiosos como ‘genderqueer’. Outro ponto importante, pessoas não-binárias existem há séculos. A diferença é que agora há estudiosos que abordam essa desconstrução do gênero.

Quem se considera não-binário pode não se reconhecer com a identidade de gênero de homem ou mulher, ou pode se caracterizar como uma mistura entre os dois. Afinal, não há limites para a realização pessoal e afetiva, que sempre passa pela autoaceitação.

Fonte: BBC Brasil, Portal Gazeta, Assembleia Legislativa do Maranhão e Tab Uol.

SobreJeferson Lauande

Jornalista com MBA em Jornalismo Empresarial e Assessoria de Imprensa. Especialista em MKT Digital e CEO da Tudo Comunicação. Atuei na produção de programas de TV, na TV Difusora SBT, TV Cidade - Record São Luís (MA), TV Meio Norte (São Luís - MA) e na redação do Jornal O Imparcial. Como assessor de imprensa, administrei a gerência de conteúdo das empresas, Marafolia Promoções e Eventos e 4Mãos Entretenimento.

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